«fazer a Europa é fazer a paz» ― Jean Monnet
A queda do Muro de Berlim, em 1989, o
final da Guerra Fria e o desmantelamento da União Soviética, por um lado, e o
abandono da economia colectivista por parte da China e sua adesão ao sistema
capitalista, por outro, promoveram a líder mundial a única superpotência que
restou, os Estados Unidos da América (EUA), e iniciaram uma nova era da
globalização, sob a égide do capitalismo anglo-saxão. Para trás, ficou a velha
ordem dominada pela oposição entre duas superpotências separadas tanto pelas
questões ideológicas, como pelo jogo dos equilíbrios estratégicos.
A conjuntura político-estratégica
alterou-se profundamente.
Um cenário inédito na história da
Humanidade: os capitais e investimentos passaram a circular de um lugar para o
outro, sem quaisquer obstáculos fronteiriços, e a indústria da informática
assumiu a vanguarda das inovações, construindo as auto-estradas de informação
(p. ex., a Internet) necessárias a tais movimentos.
Com o fim da Guerra Fria e com a
globalização, os Estados trataram de compor-se segundo sua proximidade
geográfica: na Europa a União Europeia acelerou o processo de integração e
unificação, criando mesmo uma moeda única – o euro –, chegando em 2007 aos,
actuais, 27 Estados-membros, e tendo já acordado com a Croácia a respectiva
adesão em 2013.
Mais
de duas décadas passadas, como vivemos a globalização?
O ano de 2011, que agora finda, trouxe-nos
– além de catástrofes naturais (p. ex., no Japão, um sismo seguido por um
tsunami deixou o País perto duma catástrofe nuclear) e das revoltas políticas no
Norte de África e o Médio Oriente – o acentuar da crise financeira na Europa,
que mais não é que o resultado da crise bancária iniciada em 2008 com a queda
do banco de investimento norte-americano Lehman
Brothers.
Não há milagres para resolver a crise
financeira que assola a Europa: a par dos políticos, um sem número de teóricos
apresentam diariamente uma panóplia de receitas para a situação. Certo apenas
será que há direitos a mais para a
riqueza criada.
Ao euro apenas poderá valer o
próprio euro: em dez anos a moeda europeia tornou-se a segunda moeda
mundial e gerou a maior economia global. A zona euro engloba 17 países, com mais
de 330 milhões de habitantes, é o segundo maior bloco comercial do mundo.
Todos dizem que o fim da zona euro e, concomitantemente, da própria
União, teria, além perda do estatuto de potência mundial da Europa, custos
incomensuráveis, nomeadamente com a falência do sistema bancário europeu. Nesse
cenário, assistiríamos certamente a uma deslocação do poder mundial para a
Ásia, liderada pela China.
Os próximos anos dirão se vivemos o princípio do fim ou apenas o início
de uma refundação do “sonho europeu”, com ênfase na qualidade de vida,
sustentabilidade e paz, apenas possível numa Europa coesa, unida e solidária.
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