terça-feira, 5 de julho de 2011

Causa Nacional

Existe um sector da actividade económica portuguesa que não se acha em estagnação, tão-pouco em recessão; pelo contrário, francamente se expande pelas avenidas da Pátria. Esse é o da produção e venda de histórias da carochinha.

De facto, uma ampla gama de inutilidades, futilidades e aldrabices variadas vendem-se muito bem intra-muros. E o português - ser castiço e palrador - estafa-se e deleita-se no negócio, como se se tratasse de uma causa nacional. Contudo, lamentavelmente, o resultado não é transacionavel, visto que não serve para exportação. Com efeito, mesmo em Badajoz (como soe dizer-se), nenhuma alma quer saber disso para coisa nenhuma. E, de resto, ao longo do globo, nas suas longitudes tão diversas, precisamente onde moram os malucos - posto que os sensatos ficaram cá todos -, não parece que haja alguém que se interesse muito com Portugal, enquanto país independente, nem com os portugueses, enquanto povo soberano, e, compreensivelmente, menos ainda com os seus dramas e enredos.

A meu ver, este comportamento internacional não deve ser classificado de snobismo concertado. Na realidade, no contexto formal e, sobretudo, informal, dos Estados, Portugal simplesmente não conta, e pouco consta.

De sorte que, se porventura alguém quiser dar-se ao trabalho de procurar observar e, quem sabe, entender a importância que os portugueses se atribuem uns aos outros, denegrindo-se ou bajulando-se mutuamente - o que no fundo vai dar no mesmo -, acaba, inevitavelmente, por resvalar, agora sem querer, na irremediável condição de mais um português castiço, palrador... e sensato...

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